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Betweien

Para conhecermos melhor o “nascimento” da Betweien, comecemos por saber quem é Narciso Moreira e o que leva um licenciado e mestre em Educação até à Escola de Engenharia da UMinho. 

Fui colaborar com o DPS para trabalhar no Projeto Integrado de Empreendedorismo e Inovação, um projeto muito rico em termos de aprendizagens e que necessitava de alguém para desenvolver investigação e fazer também alguma gestão operacional. Dado ser um projeto de aprendizagem, uma pessoa da área da educação, como aliás já existiam outras no DPS, fazia todo o sentido. Fui a uma entrevista/reunião e fui selecionado para acompanhar o projeto por um ano. Tinha acabado a licenciatura, queria prosseguir estudos de doutoramento e pareceu-nos, tanto ao Dinis Carvalho que geria o projeto, como a mim, que seria uma comunhão de interesses muito profícua para ambos. Considerava o projeto muito inovador e queria dar-lhe alguma substância, encontrando dados concretos que o fundamentasse e ajudasse e melhorar.

Confirma que a ideia subjacente à Betweien surge no Projeto Integrado em Empreendedorismo e Inovação, no decorrer da sua formação no Departamento de Produção de Sistemas da EEUM?

Sim, confirmo. Sendo mais preciso, a metodologia que está na base do PIEI, uma metodologia de abordagem por projeto, bastante utilizada em todo o mundo, em diferentes contextos, mas com maior incidência no processo de ensino-aprendizagem dos cursos de Engenharia, foi adaptada para ser contextualizada na implementação dos projetos da Betweien.

A Betweien começou o seu negócio implementando projetos no âmbito da Academia de Empreendedorismo, adaptando as metodologias referidas, que consubstanciavam a nossa intervenção. A Betweien criada por mim e pelo Pedro Correia, meu sócio. Antes de estarmos na Betweien trabalhamos cerca de dois anos juntos numa outra empresa onde já testávamos este tipo de projetos. A empresa não quis dar seguimento aos projetos como os apresentávamos e consideramos melhor criar a Betweien. Os resultados começaram a ser muito relevantes e este serviço (Academia de Empreendedorismo) acabou por ser uma das marcas da Betweien, que até hoje existe e com um substancial crescimento. Ainda hoje, na base do nosso trabalho, aplicamos a metodologia, obviamente ajustada ao nosso contexto.

Apresente-nos, então, a Betweien. Qual o projeto, a equipa, o que produzem, que serviços prestam_

A Betweien é uma empresa prestadora de serviços no âmbito da Educação. Pretendemos ser a empresa de referência em Portugal no âmbito da Inovação na Educação. Queremos que, genericamente, quando as pessoas pensarem em desenvolver projetos inovadores na educação, em qualquer ponto do país, nos pensem em consultar. Os nossos serviços dividem-se em 3 grandes áreas: Capacitar; Edições; e Produções.

O Betweien Capacitar inclui a Academia de Empreendedorismo e a Academia da Igualdade. Nesta área desenvolvemos ações de capacitação de curto, médio e longo prazo, com diferentes objetivos e públicos-alvo, desde o início da escolarização até à Educação de Adultos, projetos mais pontuais ou mais contínuos, nas diferentes áreas de saber e Saber/fazer associadas às competências de promoção da atitude empreendedora e de promoção da igualdade de género e oportunidades. Temos dezenas de programas preparados que correspondem às necessidades de cada cliente.

A Betweien Edições divide-se em duas áreas: edições à medida e edições da Betweien. A Edições à Medida tem como objetivo prestar um serviço mais personalizado de conceção, desenvolvimento e produção de livros à medida. Temos muitos clientes com esta necessidade que recorrem à Betweien. Nós tentamos dar o nosso selo de qualidade e o nosso toque de inovação. As Edições Betweien pretendem corresponder a uma necessidade identificada pela nossa equipa e pelos nossos parceiros mais próximos e associamos a estes conteúdos muitos artistas nacionais que apoiam e implementam o projeto connosco. Temos um leque de 13 artistas nacionais que trabalham connosco, tais como: Diogo Piçarra, Filipe Pinto, Mariana Monteiro, João Só, Paulo Sousa, Pedro Sousa, Carlão, Ana Bacalhau, Fernando Daniel, Rita Redshoes, Susana Félix, Inês Guimarães e Jimmy P, que nos ajudam na implementação que tem, grande parte das vezes, música, teatro, atividades pedagógicas e outros aspetos inovadores que nos ajudam a sensibilizar para projetos como Violência no Namoro, Alimentação Saudável, Educação Ambiental, Interculturalismo, Literatura Portuguesa, Igualdade de Género, Bulliyng, Matemática, entre outros. Estes projetos trazem muita visibilidade à Betweien, pelos parceiros que envolve e pelas temáticas que aborda.

A Betweien Produções, desenvolve projetos à medida de inovação, em diferentes contextos, com predominância na cultura, património e turismo. Desde festivais literários, jogos, exposições, conceitos inovadores, aplicações, animação, etc. Nestes serviços promovemos obviamente um pendor e contextualização que tenha sempre presente o mais importante para a Betweien: educação.

Em que momento decidiu dar início ao processo de atribuição do estatuto de spin-off e o que o levou a tomar essa decisão?

Na altura em reunião com o Vice-Reitor, Professor José Mendes, decidimos que seria relevante passar pelo processo de atribuição de estatuto de spin-off porque de forma genérica já eramos uma spin-off mas que não estava validada. Parecia-nos que fazia todo o sentido, temos muito orgulho na ligação à Universidade do Minho e, na altura, pareceu-nos que a Universidade também queria que oficializássemos essa relação, que já existia. Isto aconteceu um ano após a criação da Betweien, talvez em 2012 ou 2013.

 

Que expectativas tinha na altura?

Tinha expectativa de um apoio da UM na concretização dos nossos projetos mas também de credibilização da marca Betweien e dos seus projetos. Ambas as expectativas foram cumpridas, sobretudo no primeiro e segundo ano. Mais recentemente não temos sentido essa ligação e identificação com a Universidade, mas é algo que temos de trabalhar. Iremos fazer por isso, é importante para todos.

Fale-nos um pouco acerca do percurso e evolução da Betweien deste então.

A Betweien teve de se adaptar ao seu mercado, diversificou serviços, ganhou credibilidade e cimentou a sua posição. São 8 anos de muita luta e muitas dificuldades, sobretudo nos 4 primeiros anos. 4 anos de dificuldades é muito, mas passamos por isso e agora somos mais fortes pelas dificuldades que passamos. A Betweien está muito bem no mercado porque soube adaptar-se de forma constante até encontrar o seu caminho.

Que influência teve, nesse percurso, a marca spin-off UMinho?

Como referi, no início, credibilizava a apresentação da Betweien ter esse selo.

Que benefícios considera ser mais relevantes para as empresas com o estatuto Spin-Off Universidade do Minho?

Sobretudo a validação e credibilização da empresa. Penso, no entanto, que esses benefícios deveriam ser mais relevantes. Um contexto como a Universidade pode “oferecer” muito às empresas. Como somos a primeira empresa na área da educação com estatuto de spin-off, talvez seja por aí a dificuldade em encontrar a metodologia de parceria. Mas temos de procurar essa metodologia que será relevante para todos.

Ao responder a esta questão salienta-se obviamente um aspeto curioso: somos uma empresa da área da educação com o estatuto de spinoff associado ao DPS da EEUM. É curioso, mas sintomático da relevância que o processo de ensino-aprendizagem tem para a EEUM.

Parece ser cada vez mais fácil tornarmo-nos empreendedores, na medida em que existe agora muito mais informação, mais instrumentos e apoios para se criar uma empresa. Mas, apesar de todos estes incentivos, as gerações passadas parecem ter sido mais audazes e bem-sucedidas. Considera que se trata de uma questão de competitividade, ou estaremos antes a falar de diferenças ao nível de competências pessoais/soft-skills entre gerações?

As gerações são diferentes, mas não há gerações melhores e outras piores, não acredito nisso, porque fomos sempre evoluindo e vamos continuar a evoluir, seja em termos humanitários, tecnológicos, saúde, educação, etc.

Há vários fatores que interferem no sucesso. A minha opinião está fundamentada nas dezenas de projetos que já apoiamos a serem constituídos, mas também na minha experiência pessoal. Há muitos fatores, onde as competências são apenas uma parte do que é relevante. Atenção, eu sou pela valorização das competências. Sem termos as competências certas é difícil, mas termos as competências certas não nos garante sucesso no projeto empresarial. Há muitos fatores, o mercado, o país, o cliente, uma má abordagem, um teste que correu mal, a falta de financiamento em algum momento, a falta de sacrifício noutros momentos… há muitos fatores que influenciam a afirmação de uma empresa! Há 4 anos a Betweien podia ter terminado, felizmente não terminou por persistência dos sócios e capacidade de sacrifício! Hoje a Betweien é muito saudável e as únicas pessoas que se mantêm são os dois sócios e uma funcionária, Helena Costa, gestora de conteúdo e a pessoa de maior confiança dos sócios. A Betweien tem 14 pessoas a tempo inteiro e mais de 50 colaboradores externos. A Betweien consegue gerar negócio para todas estas pessoas e gerar lucro. Tem escritório em Braga e Lisboa e implementa em todo o país. Não obstante, daqui a 10 anos não sabemos se a Betweien continuará assim, as pessoas mais relevantes serão as mesmas, as competências melhoradas pela experiência e as coisas podem não resultar. Se as coisas não resultarem, não será pelas competências dos seus principais atores, poderá ser por muitas outras circunstâncias. Em Portugal achamos sempre que as coisas quando correm bem são feitas por heróis – os empreendedores – e quando correm mal, são feitas pelos falhados, o que é totalmente absurdo. Há muito fatores que condicionam o sucesso de um projeto.

Que conselhos/recomendações pode dar aos alunos/investigadores da EEUM que tenham uma ideia de negócio?

Aproveitem os programas de apoio e teste à criação de empresas que são proporcionadas pela Universidade e por outras instituições públicas, sem grandes custos. Falem com as pessoas sobre a vossa ideia, sejam especialistas, potenciais clientes ou amigos, sem medo, mas ouçam o que dizem as pessoas, porque não basta perguntar, é preciso ouvir de forma crítica e analisar o que nos dizem. Testem a vossa ideia com o menor custo possível. Avaliem todos os fatores e, se acharem que estão preparados, arrisquem. Não podem ter receio que as coisas corram mal, porque só falha quem arrisca fazer diferente. Não gosto de promover o risco, porque pode ser inconsciência. Uma boa ideia e bem fundamentada terá sempre um risco “calculado” e, por isso, deverá merecer o nosso empenho.

 

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