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CRIAM

A CRIAM, nascida em 2016, é plataforma de diagnósticos automática e portátil que permite a realização de procedimentos que irão salvar vidas em situações de emergência. Consiste num dispositivo médico portátil e automático que identifica o tipo e sub-tipo de sangue em apenas 3 minutos e identifica doenças, através de algoritmos de Machine Learning e Visão Computacional. Este sistema tem como objetivo principal ser utilizado em situações de emergência onde a rapidez na identificação do correto tipo de sangue é crucial para reduzir a dependência do tipo de sangue O Rh negativo – tipo de sangue universal e escasso (apenas 2.9% da população mundial são portadoras deste tipo de sangue). Este é o primeiro dispositivo dentro do sector de Point-of-Care que se disponibiliza como sendo uma plataforma portátil que irá monitorizar, controlar e conter doenças e epidemias no mundo inteiro.

A CRIAM tornou-se a segunda startup portuguesa a ser selecionada pela HAX, a maior aceleradora mundial de hardware. Este programa da HAX garantiu à Criam a possibilidade de desenvolver o protótipo do seu dispositivo no centro mundial do hardware, em Shenzhen, na China, onde a equipa esteve vários meses, e que se tornou crucial para o desenvolvimento da investigação e do projeto.

 

Vítor Crespo, CEO da CRIAM, conta à EEUM o percurso da spin-off até aos dias de hoje. Também Ana Ferraz, Filipe Quinaz, João Cordeiro, Fernando Nogueira e António Carvalho constituem a equipa da CRIAM.

 

No website da CRIAM pode ler-se que é uma start-up nascida em 2016, mas o projeto e percurso começaram uns anos antes. Poderia falar-nos desse mesmo percurso?

A CRIAM começou como um projecto académico na Universidade do Minho que foi iniciado 7 anos da criação do projecto empresarial. Foi iniciado pela investigadora Ana Ferraz que concluiu o seu PHD com os fundamentos da pesquisa. Depois de criada a empresa o IP foi então desenvolvido para permitir criar um “device as a platform approach” para conseguirmos efectuar o teste com a accuracy necessária, para a marca CE e FDA, e permitir efectuar diferentes tipo de testes no mesmo device. A aceleração da HAX (maior acelerador de HW a nível mundial) em Shen Zhen foi crucial para a criação do dispositivo que temos nos dias de hoje.  A equipa de R&D da CRIAM detém todo o controlo e know-how relativamente ao IP criado desde então.

Quais as maiores dificuldades sentidas e como as ultrapassaram?

A CRIAM é uma Start-Up médica, com hardware e criada em Portugal. Estão reunidos os ingredientes para um cocktail complicado de apresentar a investidores. Como o panorama de investimento a nível nacional não é o adequado recorremos a investidores internacionais para financiar o projecto. Contudo nesta fase o valor necessário, para a produção e parte regulatória, é substancial e os investidores americanos pretendem que tanto a empresa como a equipa mudem para os US. Estamos a tentar protelar essa decisão e focar os nossos esforços em encontrar um Lead Investor que nos permitam continuar com base europeia para poder maximizar os grants que já ganhamos.

Como pretendemos uma empresa global o nosso objectivo foi o de encontrar um conjunto de parcerias que nos permitissem ter feed-back e validar o nosso IP em diferentes zonas geográficas. Através de inúmeros contactos e muita resiliência conseguimos reunir um conjunto de parceiros que credibilizam, e validam, o nosso projecto. Para isto também contam os variados prémios que conseguimos ganhar ao longo do tempo tais como:

– Microsoft Imagine Cup Worldwide

– Selo de Excelência da Comunidade Europeia

– Top 50 de empresas mais disruptivas na área da Saúde

– Prémio Worldwide da Fosun

Quais os motivos que levaram a dar início a um processo de atribuição do estatuto de spin-off UMinho? E que influência teve a marca spin-off UMinho no percurso da CRIAM? 

A UMinho foi crucial numa fase embrionária do projecto. A mentoria de alguns professores, disponibilização de recursos e o PHD da investigadora inicial foram as bases para esse processo.

De que forma os conhecimentos/competências adquiridos ao longo do seu percurso na EEUM foram importantes para a criação desta spin-off?

As bases para o IP foram desenvolvidas durante o percurso académico e foi a partir daí que foi desenvolvido todo o conjunto de hardware e algoritmos que efectivamente permitiram transformar um conceito, tal como estava inicialmente, numa realidade que conseguíssemos utilizar de forma profissional.

Olhando para os colaboradores da CRIAM Tech vemos uma equipa multidisciplinar, com percursos bastante distintos. Na sua opinião, a multidisciplinariedade, a reunião de diferentes perspetivas/experiências sobre um problema pode ser a chave do sucesso dos projetos de engenharia nos dias de hoje? Como se lida, diariamente, com estas diferentes visões sobre o negócio?

Uma equipa deve ser, por definição , um conjunto de elementos com competências distintas, que se consigam desafiar mutuamente, que estejam unidos em torno de um objectivo comum e ,ainda mais importante, que confiem uns nos outros . A diversidade de backgrounds cria, na nossa empresa. uma forte base de progressão e opiniões variadas que só enriquece o IP e a cultura da empresa

Na vossa área de atuação que desafios anteveem e como poderão lhes dar resposta?

O investimento necessário é crucial nesta fase e, para isso, fazemos diversas viagens aos US e China onde pretendemos selecionar os melhores parceiros para podermos alcançar o nível seguinte. Somos adeptos da criação de parcerias que beneficiem claramenteos intervenientes e assim criamos já algumas baseados em critérios de “success fee” eliminando assim enormes custos iniciais.

Que recomendações faria aos alunos/investigadores da Escola de Engenharia que possuam um projeto em mente (ou em mãos) e o queiram materializar?

O primeiro passo é definirem internamente se pretendem ser um Empreendedor ou trabalhar por conta de alguém. São duas figuras completamente distintas e que precisam ficar completamente definidas numa fase inicial. Se a decisão for pelo lado empreendedor o nosso conselho seria o de encontrarem uma equipa com que se sintam à vontade, onde exista ambição e onde se sintam desafiados para efectuarem o seu melhor trabalho. Dificuldades no caminho são garantidas mas a forma como se lida com elas, em equipa, é grande parte do segredo da progressão da empresa.

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