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Investigadores do ISISE lideram intervenção estrutural na Sé do Porto

Com o objetivo de resolver problemas estruturais, arrancou no passado mês de abril a intervenção no exterior e interior da capela-mor da Catedral do Porto, com o acompanhamento de uma equipa de investigadores do ISISE, nomeadamente Nuno Mendes e Paulo Lourenço.

Contudo, a colaboração do ISISE com a Direção Regional da Cultura do Norte e o Cabido Portucalense no que diz respeito a este importante monumento nacional teve início em 2003, estendendo-se até à presente data, originalmente com o envolvimento de Paulo Lourenço e Luís Ramos nas, igualmente, complexas intervenções que envolveram as Torres e a sua monitorização, a Capela de S. Vicente, a fachada principal e o lanternim. Mais recentemente, em 2017, já com o envolvimento de Nuno Mendes, foi efetuado o reforço estrutural na escadaria Nasoni.

“O grupo de Alvenaria e Construções Históricas do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho possui uma relação de grande proximidade e confiança com os organismos públicos, pelo que vão surgindo pedidos de apoio nas intervenções em monumentos, não só na Sé do Porto, mas também noutros monumentos nacionais. Acrescem trabalhos por todo o mundo como Brasil, Butão, Espanha, EUA, Filipinas, Irão, Myanmar ou Reino Unido, entre outros.” explica Nuno Mendes, investigador do ISISE – Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia, da Escola de Engenharia da UMinho.

A obra que agora teve início, adiada por um ano face à pandemia, incide sobre uma parte essencial da Catedral, a capela-mor, que após o estudo da equipa de investigadores do ISISE se concluiu necessitar de intervenção na sua estrutura.

“Esta é uma intervenção mais recente e a cabeceira da Sé do Porto possui uma abóboda com danos relevantes, e a parede de tardoz também apresentava danos estruturais. Nós fomos responsáveis pelo estudo-diagnóstico e depois pelo projeto de reabilitação e consolidação estrutural”, esclarece o investigador do ISISE.

Um estudo-diagnóstico estrutural é desenvolvido recorrendo a várias técnicas, mas neste caso a equipa de investigadores fez um conjunto de inspeções e ensaios não destrutivos (tratando-se de uma construção histórica), para obter a informação necessária das propriedades dos materiais e de identificação das possíveis causas das anomalias, entre outros aspetos, e numa fase seguinte, um trabalho de simulação numérica em computador em que se tenta simular o comportamento da estrutura perante diferentes ações externas (como o peso próprio ou os sismos), que permite traçar conclusões quanto às anomalias que existem e que devem ser reparadas. “Sempre sob o princípio da intervenção mínima, que é prioritário e fundamental, relembrando que estamos a falar de uma construção histórica datada do séc. XII”, sublinha Nuno Mendes. Com base nos resultados obtidos, os investigadores passaram à fase de projeto de consolidação, estando atualmente a trabalhar na fase da execução da obra.

Nesta intervenção, a equipa do ISISE trabalhará com outras equipas especializadas, nomeadamente na área da conservação e restauro, naquele que será um trabalho mais artístico e do interior do edifício (tais como retábulo, talhas e pinturas), mas o foco dos investigadores da Escola de Engenharia será na área estrutural, designadamente numa intervenção na cobertura da cabeceira, que vai envolver a substituição da cobertura e telhado, e numa intervenção na parede de tardoz – parede que se encontra atrás da cabeceira. “Esta parede tem elevada relevância para a estrutura do edifício e detetaram-se fendas significativas, de dano moderado a severo e é, portanto, importante que se faça uma correção das anomalias” explica Nuno Mendes.

A intervenção tem um orçamento estimado em cerca de um milhão de euros sendo que as obras serão da responsabilidade financeira do Cabido – revelou à Voz Portucalense o cónego Álvaro Mancilha assinalando que “estas obras têm um grande objetivo que é a consolidação, do ponto de vista dos tetos em pedra, dadas as cedências que têm acontecido. E será essa a grande obra de construção civil feita pelo exterior para consolidar a abóbada da capela-mor (…) Nunca houve uma intervenção desta natureza. É uma intervenção histórica” conclui.

A Catedral do Porto é Património do Estado e, por este motivo, foi efetuado um protocolo entre a Direção Regional da Cultura do Norte e o Cabido Portucalense para a execução destas obras. De registar que todos os estudos, projetos e cadernos de encargos foram feitos a partir da Direção Regional da Cultura com a colaboração da Universidade do Minho.

Estima-se que as obras terminarão dentro de 7 meses, mas a Catedral – um dos 5 monumentos nacionais mais visitados no país – permanecerá aberta ao público. Para que tal fosse possível, o altar avançou para o transepto, tendo como pano de fundo uma tela de 20 metros de altura e 8 metros de largura, que replica o verdadeiro retábulo, que se encontra também a ser intervencionado.

O Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia (ISISE) é uma unidade de investigação financiada pela Fundação Portuguesa para a Ciência e Tecnologia e classificada como Excelente, das Universidades do Minho e de Coimbra. A Unidade possui cerca de 80 membros doutorados, 150 estudantes de doutoramento, 30 M€ de financiamento competitivo em curso e 2 Mestrados Europeus, incluindo o SAHC – Structural Analysis of Monuments and Historical Constructions.

Mais informações acerca do ISISE: https://isise.net/