Três projetos ligados à Universidade do Minho foram distinguidos no passado dia 21 de julho, no âmbito do “Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2021”, com bolsas entre os 500 mil euros e um milhão de euros para os próximos três anos.
Um destes três projetos é liderado por Joana Azeredo, docente do Departamento de Engenharia Biológica e investigadora do Centro de Engenharia Biológica da Escola de Engenharia da Universidade do Minho. A equipa de Joana Azeredo recebeu uma bolsa no valor de 500 mil euros para procurar tratamentos baseados em vírus sintéticos, de modo que ataquem as infeções bacterianas sem comprometer a saúde humana. A resistência aos antibióticos é um problema de saúde pública. Na natureza, as bactérias têm os seus próprios inimigos, os bacteriófagos. Estes vírus infetam especificamente bactérias e podem ser utilizados em terapêutica para combater doenças infeciosas. O projeto envolve ainda o ICVS, sob a coordenação de Jorge Pedrosa.
Promovido pela Fundação “la Caixa”, o concurso é o único do género a apoiar a investigação biomédica ibérica e tem um financiamento considerável. Este ano distingue 30 projetos, 12 deles em Portugal, sendo 7 cofinanciados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), como sucede com o de Joana Azeredo. A presente edição teve 644 candidaturas. Este concurso anual nasceu em 2018 e já atribuiu 72 milhões de euros a 105 projetos de excelência na investigação básica, clínica e translacional na área das neurociências e das doenças cardiovasculares, infeciosas e oncológicas.
Os projetos premiados ligados à UMinho afirmam a inovação, a qualidade e o impacto desta academia.
Joana Azeredo e Jorge Pedrosa trabalham há vários anos com “vírus bons”. Sim, também existem vírus bons, que podem responder a problemas emergentes de saúde pública – nomeadamente, neste projeto, explorando-se o potencial de vírus para tratar infeções bacterianas. De facto, infeções provocadas por bactérias resistentes a todos os antibióticos conhecidos são cada vez mais um problema com que se deparam os clínicos, mesmo nos hospitais dos países com mais recursos, estimando-se que em 2050 mais de 10 milhões de pessoas possam morrer em todo o mundo devido a infeções por bactérias multirresistentes.
A partir de vírus que infetam bactérias, e que são seus predadores naturais – os fagos – a equipa do CEB e do ICVS vai procurar criar uma plataforma sintética que visa produzir fagos geneticamente modificados mais seguros e eficazes, direcionados para tratar infeções específicas de cada doente, de uma forma personalizada. Fazem também parte da equipa do projeto Miguel Rocha (CEB), Óscar Dias (CEB), Hugo Oliveira (CEB), Priscila Pires (CEB), Sílvio Santos (CEB), Ivone Martins (CEB), Luís Melo(CEB), Ana Oliveira (CEB) e Alexandra Fraga (ICVS).
Os fagos (abreviatura de bacteriófagos) são os virus das bactérias e na natureza têm um papel importantíssimo no controlo das populações bacterianas. Essa característica pode ser usada em proveito da humanidade para desenvolver terapias antibacterianas inovadoras e naturais que podem substituir ou complementar o uso dos antibióticos no tratamento de doenças infeciosas.
Os investigadores vão, assim, encontrar soluções para infeções que continuam sem resposta antibiótica.
Vídeo do projeto aqui
Mais informação acerca dos projetos da UMinho distinguidos pode ser vista no site da UMinho.