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Primeiras Patentes da UMinho tiveram origem na Escola de Engenharia

Carlos Couto teve a primeira patente europeia (1993) e José Covas a nacional (1996) pela UMinho, com um novo tipo de termómetro e um coletor de amostras de polímeros a serem transformados.

A Universidade do Minho tem estado na linha da frente a nível da inovação e valorização económica do conhecimento nas suas diversas formas. O licenciamento de propriedade industrial possui um longo e profícuo histórico distintivo. Isso deve-se ao talento e resiliência aos cientistas e centros de I&D, mas também à estratégia das várias equipas reitorais e ao trabalho da interface TecMinho e do seu Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial (GAPI), coordenado por Marco Sousa.

Neste âmbito, o Gabinete de Comunicação da Universidade do Minho foi conhecer as primeiras patentes em nome da UMinho. Foi a 3 de maio de 1993 que se iniciou o primeiro dos 324 registos no Instituto Europeu de Patentes (EPO). “Method of contactless measuring the surface temperature and/or emissivity of objects” foi submetido na República Checa, por Carlos Couto e pelo checo Lubos Hes. Em Portugal, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) agrega 232 patentes da UMinho, tendo o primeiro pedido, “Dispositivo de recolha rápida de amostras de polímero de extrusoras”, sido submetido a 27 de novembro de 1996 por José Covas.

Estreia na Europa em coautoria

Carlos Couto, professor catedrático do Departamento de Eletrónica Industrial da Escola de Engenharia da UMinho (EEUM), já tinha estado ligado nos anos 1980 ao desenvolvimento de uma das primeiras balanças eletrónicas. Quanto à sua primeira patente no EPO, resultou de um “pirómetro auto-calibrado, relativamente à emissividade do corpo cuja temperatura se pretende medir”. O projeto foi iniciado em outubro de 1993 por dois alunos finalistas, sob coorientação de Carlos Couto e Lubos Hes. Está co-registado em nome da UMinho, em Bruxelas (Bélgica), com a referência 94117 CH/EU, data de 28 de abril de 1994 e válida para Alemanha, França, Reino Unido e Portugal. Lubos Hes, da Universidade Técnica de Liberec, realizaria na UMinho as provas de agregação no âmbito da Física Têxtil, em junho de 1995.

“Este trabalho repetiu-se depois com o desenvolvimento de um sensor integrado, recorrendo às micro-nanotecnologias, que permitiram a realização mais rápida das duas medições com baixos consumos de energia”, frisa Carlos Couto. Nesta investigação esteve envolvido Luís Miguel Gonçalves, já docente da UMinho. Contudo, devido a várias reflexões múltiplas, os registos obtidos não permitiram com exatidão confirmar o objeto da patente.

Ainda assim, Carlos Couto considera sem reservas que “a experiência adquirida permitiu desenvolver a partir daí vários projetos relacionados com os microssensores de radiação e microdispositivos termoelétricos” (para aquecimento e arrefecimento). Daí resultou uma importante linha de investigação, com um número apreciável de publicações em revistas científicas.

Polímeros de ponta em Portugal

Em Portugal, a primeira patente submetida ao INPI pela UMinho foi em 1996 e consistiu num dispositivo para recolher amostras de polímero ao longo do cilindro de uma extrusora em funcionamento. O autor é José Covas, professor catedrático do Departamento de Engenharia de Polímeros da EEUM e investigador do Instituto de Polímeros e Compósitos (IPC) nas áreas de reologia, processamento e composição polimérica.

As extrusoras, equipamentos muito utilizados pela indústria para a preparação de materiais, são infelizmente como uma “caixa negra”, pois não dão acesso a informação sobre o que se passa com o material durante o processamento, explica José Covas. O material a ser processado é aquecido acima do ponto de fusão e sujeito a um escoamento complexo, pelo que se tornou importante identificar problemas de degradação ou de mistura indevida dos componentes. “Esta invenção permite retirar amostras de material em localizações específicas da máquina, para análise das suas características”, revela.

A patente foi posteriormente complementada com outras invenções, que permitiram caracterizar diretamente as propriedades do material nos pontos onde as amostras foram recolhidas. De resto, em 20 de fevereiro de 1999, a revista do semanário “Expresso” deu relevância a esta “Inovação dos Plásticos”. Esta patente e a investigação resultante permitiram apresentar resultados em diversas conferências internacionais, bem como publicar artigos em revistas científicas relevantes, que suscitaram colaborações com colegas de universidades europeias e brasileiras, além de intensa atividade com alguns dos maiores produtores europeus de polímeros e plásticos.

Enquanto cientista, José Covas considera que esta invenção teve um papel determinante, pois foi a base de um conjunto de inovações que permitiram acoplar equipamentos de caracterização de polímeros a extrusoras, avaliando-se desta forma – em tempo real e ao longo do cilindro da máquina – as propriedades de sistemas poliméricos complexos, durante o seu funcionamento. “Esta expertise e os resultados obtidos trouxeram diversas colaborações, projetos e reconhecimento internacional”.

 

FONTE: NÓS