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To-Be-Green

To Be GreenComo surgiu a To Be Green?

A TO-BE-GREEN é uma solução inovadora para a valorização de vestuário integrada nas dimensões da Economia Circular e da Digitalização da ITV, permitindo o descarte, partilha e valorização das peças de roupa em fim-de-vida, através de Lojas Sociais físicas e virtuais, upcycling e reciclagem. Funciona como um e-marketplace de Economia Circular, suportada numa app e plataforma dedicadas e orientada para as novas gerações de consumidores (Millennials-Y e Zoomers-Z), sendo uma resposta para os problemas crescentes dos resíduos têxteis pós-consumo produzidos nos territórios. Incorpora a digitalização dos artigos em fim-de-vida entregues pelos utilizadores, a sua análise e validação digital, permitindo a sua rastreabilidade, e segue a hierarquia dos resíduos que é sugerida pela União Europeia, com foco na Economia Circular têxtil.

O responsável científico e mentor do projeto é o Professor António Dinis Marques, docente do Departamento de Engenharia Têxtil, e investigador do 2C2T da Escola de Engenharia da UMinho. Fazem parte da equipa Engª Anastasia Marques, engenheira têxtil, com mestrado em Tecnologias da Fabricação pela Universidade de Ghent, e Dr. João Pedro Bernardes, doutorando da Universidade do Minho a realizar o seu trabalho de investigação com bolsa da FCT, sob orientação do Prof. António Dinis Marques.

Como se distingue de outras soluções de reaproveitamento ou reciclagem de vestuário atualmente existentes no mercado?

A TO-BE-GREEN apresenta-se como uma solução para a valorização do vestuário em fim-de-vida completamente diferenciada dos restantes players que atuam nesta área. Os concorrentes diretos da TO-BE-GREEN que já asseguram a recolha de roupa, calçado e brinquedos em contentores nos vários municípios, tem implementado um sistema muito diferente de recolha e valorização das entregas. A interface com os utilizadores/doadores é nula e a transparência do processo é baixa pois os resultados financeiros destes concorrentes com sistemas de contentores decorrem fundamentalmente da venda destes artigos usados para os mercados africanos e asiáticos (identificado como reutilização nos seus sites institucionais), não sendo uma solução sustentável ambiental nem socialmente. Por outro lado as lojas de roupa usada não estão suportadas em tecnologia (lojas de roupa usada e vintage já existentes no mercado) ou então são plataformas de venda de roupa online (OLX ou similares).

Com o surgimento da pandemia COVID, a app TO-BE-GREEN pode garantir um período de quarentena e de higienização, com identificação da origem da entrega. Mais recentemente, desenvolveu a possibilidade de recolher e reciclar as máscaras sociais nas escolas, através de um processo de downcycling e reciclagem.

De que forma os conhecimentos/competências adquiridos ao longo do seu percurso na EEUM foram importantes para a criação da spin-off?

A formação de base do mentor é Engenharia Têxtil, a que juntou conhecimentos na área do marketing, estratégia e inovação nos graus de mestre e de doutoramento que entretanto foi concluindo. O seu tema de doutoramento foi Inovação e Competitividade na Cadeia de Valor da Moda. Ao longo dos últimos anos tenho vindo a estudar e a desenvolver investigação no comportamento dos consumidores “green” dos produtos de moda, em particular da geração millennial, sendo autor de vários artigos científicos nesta componente científica. Também a área da Digitalização da Manufatura e a Indústria 4.0 têm merecido uma atenção muito particular, fazendo parte do SIG VI do Cluster Têxtil – Tecnologia e Moda “Digitalização da Manufatura e Novos Modelos de Negócio”. Todas estas experiências e conhecimentos foram determinantes para avançar para a constituição da spin-off.

Quando e porque decidiram iniciar o processo de atribuição do estatuto de spin-off?

A decisão para a avançar com o processo de constituição de uma spin-off decorreu no início de ano de 2020, durante a frequência do Idealab organizado pela TECMINHO. As várias áreas temáticas abordadas permitiram criar o lastro para preparar um Plano de Negócio e consolidar a ideia TO-BE-GREEN para se tornar um projeto viável e com futuro. Além disso, o prestígio e a notoriedade de ser spin-off “SPINUM” seria um elemento importante para a consolidação da ideia nos diferentes stakeholders.

Que benefícios considera ser mais relevantes para as empresas com o estatuto Spin-Off Universidade do Minho?

O prestígio, a notoriedade e o selo de qualidade SPINUM são os benefícios mais relevantes para a TO-BE-GREEN, pese embora os potenciais clientes da TO-BE-GREEN (maioritariamente municípios) não estejam familiarizados com a importância das spin-offs nas novas dinâmicas da economia desta década. Para além disso, a possibilidade de criar sinergias com outros parceiros e entidades do meio académico da Universidade do Minho poderá ser um elemento a explorar no futuro.

Sendo a Indústria Têxtil conhecida como uma das mais poluidoras, e que a Economia Circular pode representar a sustentabilidade desta indústria considera que as empresas deste sector em Portugal já se encontram a implementar medidas significativas para alterar os seus modelos de negócio? Em caso afirmativo, pode nos dar alguns exemplos?

A ITV é uma indústria bastante poluidora e consumidora de recursos na sua cadeia de valor completa, passando pela produção do algodão (fibra natural mais consumida), prosseguindo pelo seu processamento industrial (com elevado consumo de água e de emissões de CO2), até à colocação em loja. O modelo de negócio da designada “fast fashion”, embora com vantagens económicas para a economia nacional visto sermos um dos grandes fornecedores do grupo Inditex e de outras marcas de “fast fashion”, tem um impacto muito significativo na sustentabilidade do planeta. E se a isso acrescentarmos o problema dos resíduos pós-consumo destes produtos com tempo de vida muito curto, então verificamos que muito há a fazer nesta área.

As empresas da ITV portuguesas têm vindo a orientar os seus processos e os seus produtos para a Economia Circular e para a sustentabilidade. Nos diferentes eventos e feiras é um atributo quase obrigatório apresentar nos seus portefólios propostas de produtos reciclados e/ou orgânicos com processos “green”. Também as diferentes entidades setoriais têm vindo a fomentar esta dimensão da Economia Circular, a que se juntam os esforços e investimentos que a comunidade científica têm feito neste domínio. Também as universidades têm vindo a preparar as futuras gerações de designers para o Design Sustentável e para a Economia Circular das suas propostas criativas de moda.

E na perspetiva dos consumidores? O consumidor português é sensível a estas questões ou o significado de “Economia Circular” ainda está distante do quotidiano das pessoas?

Tem sido feito um caminho interessante nestes últimos anos neste domínio, mas que precisa de ser acelerado e maximizado. Um elemento chave nestes desenvolvimentos será sempre o comportamento e as opções de compra dos consumidores. E aí a TO-BE-GREEN pode ter um papel muito importante pois o seu enfoque será as gerações de consumidores Y e Z. Os estudos em que tenho estado envolvido, em particular com a geração milllennial, indiciam que os consumidores estão atentos, mostram interesse na temática do “green”, mas os seus comportamentos de compra e de descarte ainda não estão alinhados com estes princípios da Economia Circular. O caminho faz-se caminhando e a TO-BE-GREEN, o Departamento de Engenharia Têxtil, o 2C2T e a Universidade do Minho já dão o seu contributo para alcançar um melhor desempenho nestas áreas da ITV nacional.

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