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Sciencentris

A Sciencentris é uma spin-off da Universidade do Minho, que tem como missão valorizar os resultados de investigação no âmbito dos materiais à base de fibras, garantindo que o conhecimento técnico-científico atinge o mercado através de produtos inovadores de elevado valor acrescentado. Englobando diversos investigadores da Universidade do Minho, a Sciencentris desenvolve a sua atividade em 4 vertentes fundamentais: investigação e desenvolvimento, formação avançada, consultoria técnico-científica e organização de eventos técnico-científicos. Apesar de recente, a empresa encontra-se já envolvida em diversos projetos de investigação e desenvolvimento com outras empresas, assumindo igualmente papel importante na gestão da Plataforma Internacional Fibrenamics.

Como surgiu a Sciencentris? (qual o projeto, responsáveis, objetivos)

Dentro das atividades que nós desenvolvemos aqui na Escola de Engenharia da Universidade do Minho, a determinado momento nós sentimos que muito do conhecimento que estava a ser desenvolvido dentro da Universidade estava a ser “aprisionado”. E por muitos bons projetos que desenvolvêssemos com as empresas e com o tecido económico, ele continuava aprisionado. Havia então aqui a necessidade de criar uma entidade intermédia cujo objetivo não fosse necessariamente I&D, mas sim pegar nesse I&D e o transferisse para o mercado e com isso criasse mais-valia no tecido socioeconómico. E foi a partir daí que surgiu a oportunidade de criarmos a Sciencentris. Ela surge faz agora 6 anos em junho, com este propósito de valorizar os resultados da investigação que era desenvolvida dentro da universidade. No fundo era uma ponte entre uma coisa intangível, algo que não conseguimos palpar, para as empresas. Portanto, é esta transição que dá origem à Sciencentris.

Quando e porque decidiram iniciar o processo de atribuição do estatuto de spin-off?

Relativamente ao estatuto spin-off, à sua conceção e ao facto de decidirmos ter esse estatuto, uma vez que nós aqui na Universidade do Minho trabalhamos com Investigação & Desenvolvimento precisávamos de credibilizar isto que nós fazíamos, no mercado. E claramente que o estatuto spin-off era algo que nos permitia o reconhecimento da Universidade do Minho da nossa competência para o fazer e sentimos que as empresas, ao dizermos que eramos uma spin-off da Universidade do Minho, que nascemos na Universidade do Minho e que mantemos relacionamentos com a Universidade do Minho, seja com os departamentos, seja com os investigadores, com a Escola de Engenharia, isso é muito valorizado na venda dos nossos serviços ao tecido empresarial. No fundo é uma credibilização do que fazemos e funciona como um selo de qualidade da Universidade. Portanto, essa atribuição do estatuto foi algo natural, propusemos isso à Reitoria da Universidade do Minho, a qual aceitou a nossa proposta de spin-off. A partir daí temos participado nos encontros nacionais das spin-off’s, uma actividade que a TecMinho promove e que acho muito interessante para percebermos também as diferentes realidades e as dificuldades que as spin-off’s numa 1ª fase têm para coexistir no mercado, mas também para partilhar experiências dessas lições bem aprendidas e das más aprendidas, também são importantes para não cometermos os mesmos erros e para as spin-off’s é muito importante essa aprendizagem.

Que expectativas tinham na altura?

As expectativas eram mesmo essas: credibilizar o nosso portfolio de serviços perante o tecido empresarial.

Fale-nos um pouco acerca do percurso e evolução da Sciencentris e também o que levou a empresa a instalar-se nos Açores (2015?):

Relativamente à evolução da Sciencentris e a sua instalação nos Açores, ela é também aconteceu de uma forma quase natural porque nós, há cerca de 4-5 anos atrás, fomos desafiados pelo Governo Regional Açoriano para movermos uma parte do centro de investigação do Fibrenamics para os Açores, e como os Açores não tinham ainda um mercado predisponível para a parte da investigação era preciso abrir mercado. Portanto, dar a conhecer quais eram as mais-valias e potencial da investigação e o que é que podia acrescentar no tecido empresarial partindo muito daquilo que são os recursos endógenos da região e, portanto, a Sciencentris surgiu de forma natural para abrir esse mercado e para numa 1ª fase transferirmos alguma tecnologia, algum conhecimento para o mercado. Fizemos isso através da organização de eventos e workshops de disseminação de atividades de investigação, demonstrar que a inovação não é assim um processo tão difícil para as empresas, mesmo para aquelas menos desenvolvidas, mesmo aquelas que partem de sectores primários como a agricultura, a agropecuária e a pesca que estão muito ligados às raízes e aos sectores económicos dos Açores, que são o Turismo, a Agricultura e a Pesca, a forte ligação ao mar, mas mesmo aí nós quisemos levar uma nova roupagem, aquilo que podia ser uma agricultura tecnológica, como podíamos aproveitar aquilo que muitos consideravam resíduos, as fibras, a exploração das fibras, a exploração de plantas e vegetais, que nós criamos produtos com maior valor acrescentado a partir daí, e portanto era preciso desbravar este caminho e este preconceito que existia, se calhar preconceito é um termo um pouco forte mas talvez esta desconfiança, desta mentalidade não tão aberta e tão hábil para a parte da inovação. E, de facto, foi muito importante para a Sciencentris ir para lá, para abrir estas portas e, de facto, tem-se  mostrado uma dinâmica de inovação muito interessante e eu, que acompanhei a génese destes primeiros projetos que foram desenvolvidos nos Açores, vejo agora um crescimento notável e uma abertura bastante grande por parte dessas empresas.

Que influência teve, nesse percurso, a marca spin-off UMinho?

Mais uma vez a marca spin-off da UMinho foi muito importante porque também ajudou a credibilizar perante as próprias entidades governamentais e as empresas que não eramos mais uma empresa. Que eramos uma empresa que partia do conhecimento gigante de uma Academia que é a Universidade do Minho. Sem esse estatuto diria que era muito difícil, as probabilidades de conseguirmos eram muito reduzidas. Há outra abertura sabendo que parte da Universidade do Minho, e sabendo que é através de um veículo da Universidade do Minho a abertura é totalmente diferente. Estamos a representar uma instituição grandiosa como a Universidade e isso também nos dá outras responsabilidades, temos que manter essa qualidade e não defraudamos as expectativas que depositaram em nós.

Que benefícios considera ser mais relevantes para as empresas com o estatuto Spin-Off Universidade do Minho?

Os benefícios mais relevantes para as empresas já fomos falando ao longo desta entrevista, mas resumindo é a credibilização das atividades que nós fazemos no nosso dia-a-dia, o reconhecimento do mercado que somos uma empresa com uma mais-valia tecnológica, para o produto ou serviço que está a vender, e depois outra parte importante é que com o estatuto spin-off podemos beneficiar de condições dentro da universidade que não tínhamos se não o fossemos, sejam desconto em ensaios laboratoriais, sejam protocolos e parcerias com as quais possamos partilhar conhecimento, bem como investigadores que possam também ser mobilizados para ajudar a disseminar este conhecimento e a valorizar este conhecimento para o mercado. As sinergias e também a facilidade de comunicação internamente também são importantes, uma coisa é vir uma empresa de fora outra coisa é uma empresa que está cá dentro, neste caso uma spin-off, consegue muito mais depressa mobilizar e ter um efeito mobilizador e arrastador aqui dentro da universidade, e isso também é muito interessante.

Que projectos têm, atualmente, em mãos e quais os objetivos da Sciencentris a curto e médio-prazo?

Ao longo destes 6 anos o que aconteceu foi mais um afirmar, um balizar e um crescer da própria Sciencentris, e agora acho que vamos entrar numa fase de estabilização e consolidação da empresa. Portanto, estivemos envolvidos em projetos de enorme visibilidade, o que foi interessante, desde logo destacando os projetos ligados à Defesa, com o desenvolvimento dos capacetes e dos coletes balísticos em que a Sciencentris teve como objetivo a valorização desses conhecimentos junto do mercado e junto de diferentes stakeholders – e aqui ganhou uma notoriedade muito grande, desde logo com a participação em feiras, na apresentação de produtos tecnológicos. Nós temos essa possibilidade de mostrar a capacidade tecnológica junto de diferentes stakeholders, ou intermediários do processo, ora a futuros comercializadores dos produtos. Portanto, por parte do Ministério de Defesa foi um reconhecimento à Sciencentris dessa tarefa para o desenvolver. Também estivemos envolvidos naquilo que foi a proteção da propriedade intelectual dos produtos e tecnologias criados no âmbito desse projeto, pois são muitas patentes e modelos de utilidade, e é preciso fazer toda essa gestão e a gestão com o próprio Ministério da Defesa também nos deu muita habilidade para trabalharmos nessa área, e depois, também, com a organização da 1ª conferência mundial naquilo que foi o desenvolvimento de materiais avançados para a Defesa, que foi realizada há 2 anos atrás, no Forte de S. Julião da Barra e que nós tivemos a capacidade de promover, organizar e atrair um conjunto de especialistas nesta área. Ora, quando temos essa capacidade, estamos muito mais perto de desenvolver as nossas atividades de uma forma mais grandiosa e vamos à parte internacional do sistema e isso é muito importante, também, para nós. Fruto do sucesso que foi a primeira conferência vamos organizar uma segunda, que será agora no 1º semestre do ano, no Porto, dando continuidade ao trabalho na área dos materiais avançados para a Defesa e isso é, também, um objetivo a médio-prazo. No futuro prevemos que a Sciencentris mantenha esta capacidade e continue a estar associada à universidade e à transferência do conhecimento e a ajudar as empresas e o tecido socioeconómico na industrialização de novas tecnologias, na capacidade de disseminação daquilo que é feito – e bem feito – a nível nacional e internacional e, portanto, estes são os objetivos da Sciencentris a longo prazo.

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